Quem me conhece, sabe que gosto de comida. O meu estômago é quase uma entidade com vida própria, que tenta constantemente contactar com o exterior através de grunhos.
Quando ele me parece infeliz, eu tento alimentá-lo, até porque o gajo torna-se chato e começa a falar alto numa língua que eu desconheço.
A questão aqui é o que acontece quando eu não o alimento.
Eu não sei bem o que acontece cá dentro do meu corpo, devem ser cenas desarrumadas, mas tomemos como exemplo a altura em que acordo.
Quando como pouco à noite e fico demasiadas horas sem me alimentar porque, bem, estou a dormir, é como se o estômago fizesse refém toda a parte de mim que é fofinha e agradável. Nem sequer consigo pensar a 100%, a minha cabeça fica confusa e fico zonza. É possível que me assemelhe a um Gremlin, mas a mim podem dar comida depois da meia noite. Por favor, dêem.
Não havendo comida nas redondezas, o caminho até ela parece-me sempre uma peregrinação. Em silêncio, se possível.
A certa altura, chega o momento em que a magia finalmente acontece e é rápida a agir. O estômago recebe alimento e, em troca, devolve-me a minha parte boa. O dia fica mais bonito. Os planetas voltam a estar no local correcto. A humanidade pode sobreviver.
Isto claro, até à manhã seguinte.
8 de setembro de 2011
6 de setembro de 2011
Enquanto crianças, somos sempre arrastados para casamentos. Se conhecia os noivos ou não, isso não interessava porque, naquela idade, o que me apoquentava era mesmo aquele aparato todo, que pedia que eu usasse um vestido bonito e sapatinhos a condizer.
Mas avancemos uns 10 anos. Ou 15. Nem sei bem. Hoje foi o casamento de uma das pessoas que mais estimo neste planeta e isso é bonito, até porque na verdade eu sempre quis ir a um casamento de uma das minhas amigas, para saber como era partilhar um momento destes. Afinal, é sempre bom quando vemos alguém tão feliz. Contudo, nem tudo são rosas, já que a noiva resolve avisar-me do casamento anteontem. No MSN.
"Hey...tenho uma novidade bombástica para te contar! Vou casar-me na terça-feira!"
"ÃH? Vais fazer o quê?", pensei eu, enquanto tentava retirar da mensagem dela algo que indicasse que aquilo era tudo tanga só para ver como eu reagia. Não era. Era portanto, hora de analisar a situação, atirando as perguntas que me pareciam óbvias, como se estivesse a tentar criar na minha cabeça uma tabela de prós e contras em relação a tudo isto.
E, caso ela leia isto, aquela história de dizer às amigas "Vá, agora é a vossa vez de casarem" era uma piada, não era? Não era? Bem.
Mas avancemos uns 10 anos. Ou 15. Nem sei bem. Hoje foi o casamento de uma das pessoas que mais estimo neste planeta e isso é bonito, até porque na verdade eu sempre quis ir a um casamento de uma das minhas amigas, para saber como era partilhar um momento destes. Afinal, é sempre bom quando vemos alguém tão feliz. Contudo, nem tudo são rosas, já que a noiva resolve avisar-me do casamento anteontem. No MSN.
"Hey...tenho uma novidade bombástica para te contar! Vou casar-me na terça-feira!"
"ÃH? Vais fazer o quê?", pensei eu, enquanto tentava retirar da mensagem dela algo que indicasse que aquilo era tudo tanga só para ver como eu reagia. Não era. Era portanto, hora de analisar a situação, atirando as perguntas que me pareciam óbvias, como se estivesse a tentar criar na minha cabeça uma tabela de prós e contras em relação a tudo isto.
Não, não era precipitado. Sim, era repentino, mas era o que queriam. Sim, estava toda a gente feliz. A ideia ainda não estava bem assente na minha cabeça, mas haveria de estar. Afinal, ainda só tinham passado uns 15 minutos desde o início daquela conversa.
Entretanto, já a aceitar que esta coisa do casório fazia a minha amiga feliz, lembrei-me que isto de avisar as pessoas em cima da hora é engraçado e tal mas...e agora o que é que eu visto? Não tenho roupa para casamentos e nem sequer me apetecia preocupar com isso. No dia seguinte, dei uma vista de olhos pelas lojas da zona, mas o meu esforço foi infrutífero e comecei a ficar com fome.
Avancemos para o dia do casamento. Hoje de manhã, portanto.
Se até então eu não estava propriamente em êxtase com toda esta história, a felicidade alheia contagiou-me e percebi que, realmente, isto se calhar até nem era um absurdo. No fundo, eu é que sou meia criançola e a ideia do casamento nem sequer sobrevoa os meus pensamentos - que, no geral, repelem coisas sérias.
A cerimónia aconteceu e, no final, a cara de felicidade estava estampada na cara de toda a gente, incluindo a minha.
E, de repente, a coisa tinha acontecido. A minha amiga estava casada. Tem um marido. It got real.
Não deixa de ser algo estranho ver alguém da nossa idade a dar um passo destes, talvez porque até agora isto do casamento sempre foi algo distante para mim. Era só uma coisa que as pessoas fazem a partir dos 30 anos ou para ajudar alguém a ficar no país, ou algo do género.
No entanto, enquanto vos escrevo isto, estou feliz. O sorriso na cara dos noivos deixou um sorriso na minha e o abraço que dei hoje à minha amiga, já casada, assinalou mais um marco na nossa amizade.
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